Mídias sociais e adolescência

por | Saúde Mental Infanto Juvenil

Estamos diante do que poderia ser considerado uma epidemia de transtorno de ansiedade, transtornos alimentares, TDAH, depressão e suicídio na adolescência. Não podemos apontar uma causa única para esses fenômenos, mas gostaria de chamar atenção para a importância das relações familiares na formação de crianças e jovens mais seguros. Como as crianças e os adolescentes aprendem a modularem suas emoções, valores e comportamentos? Através da relação com os adultos! O ponto é que a grande maioria dos adultos estão desregulados emocionalmente, sobrecarregados pelo cotidiano e indisponíveis para essa orientação.

Sendo assim, os jovens estão se voltando em busca de instrução, modelo e orientação, não para os pais, professores ou outros adultos responsáveis, mas para seus pares e para as mídias sociais, para os influencers. Se o adulto não estiver disponível para exercer a parentalidade, a criança irá voltar-se para quem estiver mais perto e acessível. Outro ponto importante é que os mais velhos perderam seu lugar de sábios, de transmissão, tudo aquilo que é “velho” é desvalorizado pela nossa atual cultura. Então hoje temos o que podemos chamar de transmissão horizontal e não vertical. Os pares e as mídias é que são os árbitros do que é bom e importante e até da forma como a criança e o adolescente se definem. Uma das causas referidas de suicídio na adolescência é a forma como o adolescente estava a ser tratado pelos seus pares, ou seja, suicídio sendo desencadeado pela rejeição e intimidação pelos pares.

As redes sociais e cultura de pares tem sido a principal fonte de orientação para o comportamento e valores. Adolescentes sendo educados pelo tiktok. Com acesso ilimitado a conteúdos programados para roubar a atenção, um verdadeiro sequestro que gera adicção, dependência (investem bilhões de dólares para isso) e não permite que o sistema nervoso descanse. Cérebro constantemente hiperativado pelas mídias sociais se traduz em danos como: distúrbios de sono, incapacidade de refletir/pensar, prejuízos motores, isolamento, ciberbullying, sensação de menos valia e danos à autoestima. Além de riscos como golpes, predadores pedófilos, perda de privacidade, cooptação por ideologias radicais, absorção de valores como intolerância e consumismo. Não permita que as redes sociais eduquem seu filho. Reduza o uso, supervisione. Dá trabalho, mas é uma tarefa indispensável. “Partilhar” os filhos é uma coisa, ser substituído é outra. Um marinheiro que dependa de uma bússola não conseguiria encontrar um caminho se existissem dois polos norte magnéticos. Ou a cultura de pares e as mídias sociais dominam ou os pais assumem a liderança.

Precisamos criar um território seguro no contexto familiar – composto por várias camadas:

  • Integridade: física e emocional;
  • Regras básicas: consensos/acordos, rotinas, espaços compartilhados;
  • Ideias, visões e valores: escolhas pessoais, identidade em evolução, participação na tomada de decisões, o que nos norteia;
  • Cumplicidade: parceria e sentido de responsabilidade;
  • Presença: refeições em família, conversas, jogos e leituras em conjunto, contação de histórias (inclusive da própria família e sua ancestralidade), estar atento e mostrar-se disponível.

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Escritos por Karine Dutra

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